Mulheres no mercado de trabalho: Equidade esbarra em cultura na América Latina

As mulheres são 40% da força de trabalho global, mas apenas 6% chegaram ao posto de CEOs na lista das 500 maiores empresas da Fortune e só 13% estão no board. Dados como esses indicam que, apesar das conquistas dos últimos anos, ainda deve levar muito tempo para que as iniciativas de equidade de gênero comecem realmente a fazer efeito.

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Isso porque metade das iniciativas de equidade de gênero das empresas estão atrasadas ou ainda não foram definidas corretamente. Só 38% dos empregadores acreditam que a equidade poderá ser totalmente alcançada, como mostra o levantamento “Mulheres no trabalho em 2024 – Desafios e oportunidades em um mundo em transformação” feito pelo ManpowerGroup.

Especializada em serviços para a área de Recursos Humanos, a empresa hoje está presente em mais de 70 países, com 700 mil colaboradores e 120.000 clientes. Esse amplo universo de atuação permite detectar com precisão quais os rumos do mercado de trabalho em todo o mundo.

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Dados do estudo mostram ainda que as mulheres estão mais longe do comando e de alta gerência em carreiras relacionadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

No Brasil, apenas 36% dos empregadores ouvidos pela Manpower acreditam que suas empresas estão no caminho certo para alcançar a equidade de gênero. Apesar disso, a América Latina ainda tem problemas culturais sérios que impedem o avanço das mulheres no mercado de trabalho, afirmou a presidente da Manpower para a região, Mónica Flores, em entrevista ao InfoMoney.

Mónica Flores, presidente da ManPowerGroup para a América Latina

“Na América Latina, há questões que precisam ser resolvidas como o machismo e a cultura de que a mulher deve cuidar dos filhos e da casa. Por isso, muitas delas não conseguem nem chegar aos postos gerenciais, porque falta esse equilíbrio familiar”, explica.

Segundo a executiva, as mulheres que trabalham se sentem culpadas de não dar atenção nem ao trabalho nem a família corretamente. “É preciso lembrar que os cuidados hoje vão além do cuidar dos filhos, do marido e da casa, incluindo também cuidar dos pais, que estão vivendo mais.”

Os pilares para se chegar a isso, de acordo com a Manpower, são igualdade salarial, igualdade de oportunidades, equidade para promoções e desenvolvimento de liderança. Na média, 52% das empresas na América Latina afirmam ter iniciativas de igualdade.

Para piorar, as redes sociais reforçam estereótipos, afirma Mónica, citando o movimento “tradwife”. Criado por influenciadoras no Instagram, ele vem se expandindo no mundo inteiro, mostrando a rotina de dedicação exclusiva ao lar, romantizando o trabalho doméstico e reforçando ideias machistas, de acordo com a especialista.  

Uso de novas tecnologias

As tecnologias podem ajudar nisso, democratizando o trabalho, porque mães que tem filhos pequenos podem trabalhar de casa, criando modelos de trabalho que permitem a inclusão dessas mulheres no mercado de trabalho. “Por isso, as empresas precisam mudar não só a forma de trabalhar como de selecionar as pessoas”, afirma.

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Para a executiva, ferramentas como a Inteligência Artificial (IA) pode ajudar a inserir a mulher no mercado, automatizando tarefas operacionais, deixando a parte de criatividade e sofisticação para a mão de obra humana. “Criatividade e cuidados nunca vão ser substituídos pela tecnologia, porque ela não é inimiga e sim uma facilitadora”, diz a especialista.

Ela reconhece que postos devem sumir por causa dessas novas tecnologias, mas outros devem ser criados, e as pessoas precisam estar atentas para se requalificarem para isso, porque já há hoje muitas empresas que não conseguem contratar por falta de talentos em algumas áreas.  

Diversidade

A inclusão de mulheres não é a única coisa importante nesse processo, mas sim a inclusão de todos, independentemente de raça, idade e de ser ou não pessoa com deficiência (PCD) . Segundo Mónica, já se sabe que a diversidade nos quadros torna as empresas 7% mais produtivas e melhora o clima na companhia.

Mas há questões que precisam ser resolvidas. “Quase um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência em todo o mundo. Muitas delas, no entanto, não recebem as mesmas oportunidades de educação que os demais, o que vai impactar em sua formação profissional e desenvolvimento de habilidades. Por isso, políticas públicas que olhem para a educação são fundamentais”, disse.

Segundo a executiva, na América Latina, muitas crianças precisam caminhar quilômetros até escolas, o que já reduz as oportunidades para quem vive com deficiência. Por outro lado, é fundamental que as empresas preparem também os funcionários para que respeitem os colegas com deficiência.

Mónica cita ainda a importância da diversidade geracional. “Enquanto as novas gerações são mais rápidas e disruptivas, as anteriores são mais profundas. Um pode aprender com o outro e tudo isso enriquece o trabalho como um todo”, afirma.

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