O mercado de imóveis comerciais manteve a tendência de maior valorização dos aluguéis em abril de 2025, enquanto os preços de venda mostram sinais de desaceleração. De acordo com o levantamento mensal feito pela FipeZAP, os preços de locação de salas e conjuntos de até 200 m² subiram, em média, 1,08% no mês — mais do que o triplo da variação observada nos preços de venda, que aumentaram apenas 0,23% no mesmo período.
A retomada de atividades presenciais, aliada ao avanço do setor de serviços e ao maior apetite de empresas por flexibilizar espaços sem comprometer capital vem mantendo o dinamismo dos dois segmentos. Porém, o mercado de compra e venda de imóveis comerciais mantém um ritmo mais lento de recuperação, em função da situação macroeconômica, com os juros subindo continuamente.
“A alta dos juros influencia muito o mercado imobiliário, especialmente as vendas. Com o crédito mais caro, empresas e investidores tendem a adiar a compra de imóveis, optando pela locação”, afirma a economista do DataZAP, Paula Reis.
Segundo ela, diante do atual cenário de Selic em alta, a perspectiva é de que as dificuldades ao acesso ao crédito comercial continuem durante o ano inteiro, assim como a desaceleração da valorização dos imóveis. “Por outro lado, o mercado de trabalho aquecido deve sustentar a demanda por bens e serviços, fomentando o comércio e contribuindo para acelerar os reajustes de aluguéis comerciais”, afirma.
Locação supera inflação
A variação de 1,08% nos aluguéis comerciais em abril superou os aumentos tanto do IPCA do mês (0,43%), que mede a inflação oficial no Brasil, quanto o IGP-M (0,24%), considerado o índice de reajuste dos alugueis. Já os preços de venda ficaram praticamente empatados com o índice geral de inflação ao consumidor, com uma alta de apenas 0,23%.
Entre as dez cidades monitoradas pelo FipeZAP, a maior valorização dos aluguéis foi registrada em Brasília, com alta de 2,74%, seguida por Curitiba (+2,49%) e Campinas (+2,01%). No mercado de venda, Curitiba também liderou, com alta de 1,57%, mas outras cidades apresentaram desempenho morno ou até queda, como Salvador (-0,35%), Rio de Janeiro (-0,24%) e Campinas (-0,14%).
Acumulado de 2025
No acumulado do ano até abril, os aluguéis comerciais já subiram 3,12%, ritmo mais do que duas vezes superior ao dos preços de venda, que avançaram apenas 1,19% no período. Em termos comparativos, a inflação oficial medida pelo IPCA acumula 2,48% no ano, e o IGP-M teve alta 1,23%.
Essa diferença reforça o descolamento entre os dois mercados: o da locação mais sensível à demanda empresarial por espaços operacionais e o de venda ainda travado por incertezas macroeconômicas e altas taxas de juros, que afetam diretamente o investimento em imóveis comerciais.
Alta em 12 meses
No período de 12 meses encerrado em abril, o contraste é ainda mais expressivo. Os aluguéis comerciais acumulam alta de 7,83%, ante apenas 1,34% nos preços de venda. O desempenho da locação foi mais intenso em Niterói (+16,45%), Curitiba (+15,17%) e Campinas (+10,77%).
Entre as capitais que registraram queda nos preços de venda no período estão Rio de Janeiro (-2,85%), Porto Alegre (-0,68%) e Belo Horizonte (-0,65%).
São Paulo é destaque
Segundo levantamento do FipeZAP, São Paulo lidera o ranking de valores médios cobrados no período, ficando em R$ 10.256/m² para venda e R$ 56,06/m² para locação. Outras capitais com preços elevados incluem Florianópolis (R$ 8.779/m² e R$ 47,33/m²) e Rio de Janeiro (R$ 8.555/m² e R$ 46,55/m²).
Na outra ponta, Salvador segue com os menores preços de venda (R$ 5.220/m²), embora seus aluguéis estejam acima da média nacional, em R$ 43,17/m².
Rentabilidade
O índice também mostra que a rentabilidade média do aluguel comercial atingiu 6,84% ao ano em abril, acima dos 5,92% observados no mercado de locação residencial. Entre as cidades com os maiores retornos anuais para investidores estão Salvador (9,99%), Campinas (8,17%) e Brasília (6,96%).
Mesmo com essa atratividade, o retorno dos imóveis comerciais ainda fica abaixo de aplicações financeiras de renda fixa, especialmente diante de uma taxa Selic elevada, fator que continua impactando negativamente a liquidez e a valorização no mercado de compra e venda.
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